Ele era um garoto sincero e engraçado que como eu passava muito tempo sentado em um certo muro. Ainda lembro daquela bandana surrada do Metallica (que nem dele era) e da camiseta dos Ramones que logo depois foi acompanhada de um moicano que só eu gostava. Lembro também que era eu quem ensinava as cantadinhas que ele dizia para as menininhas do colégio, pena que não davam certo, mas o importante é que eu gostava. Achava engraçado o jeito que ele ficava, com as bochechas vermelhas, quando alguém falava algo que o deixava sem graça. Éramos confidentes e companheiros. Ele sabia quase tudo de mim e eu sabia quase tudo dele. Andava quase sempre com as mesmas roupas. Todo mundo achava estranho quando ele andava com as calças rasgadas, mas eu nem ligava porque gostava. A gente também gostava de brigar, brigávamos quase toda semana. Era mais fácil contar os dias que nós nos falávamos por que quando estávamos brigados ninguém nem chegava perto. Eu o considerava muito mais do que um amigo, era como se fosse meu irmão, mas ele não me via com esses mesmos olhos. Eu sabia, mas fingia que não via o jeito com que ele me olhava quando eu estava distraída. Porém, um dia não tive com escapar, ele falou para um amigo em comum que gostava de mim e queria ser mais do que um simples amigo. E eu? Bom, levei um choque! Disse que ele estava enganado, que o considerava como um irmão, enfim, nada que pudesse abalar a nossa amizade. Depois de muito tempo sem tocar no assunto, ele, que estava até namorando, ficou de aniversário e eu como era uma amigona liguei a meia-noite para dar parabéns! Ingenuamente perguntei o que ele queria de presente e ele respondeu que o que queria eu não ia poder dar. Eu, ainda mais idiota, perguntei se era muito caro e ele cuidadosamente respondeu que não era questão de dinheiro porque o que ele queria era eu. Imaginem só a minha reação, não sabia o que dizer e nem liguei mais. Aí quem ligou foi ele e me disse que não era pra ficar encanada, que não tinha problema porque ele já tava acostumado. Fiquei até com remorso e decidi pensar. Pensei quase um mês inteiro e resolvi que não tinha nada a perder ficando com ele, só que eu estava muito enganada! Ficamos 3 meses e ele me traiu... Caraca, eu queria morrer! Terminei tudo lógico e diferente do que eu pensei antes, perdi duas coisas: o namorado e o melhor amigo. Eu não sabia o que fazer, então chorava. Estava arrasada, não tanto pelo namorado, mas sim pelo amigo, porque era no ombro dele que eu iria chorar se fosse com outro. Ficamos muito tempo sem nos falar e dessa vez foi muito tempo mesmo! Até hoje não nos falamos direito, vamos para as mesmas festas, conversamos, mas nada como era antes de tudo acontecer. Tenho saudades dos tempos que a gente ficava planejando o futuro e tocando violão até altas horas da madrugada... tenho saudades até das nossas brigas! Mas tudo bem, é bom lembrar das coisas boas e muito melhor lembrar das ruins porque assim não cometo os mesmos erros.

Essa é minha história com um garoto que costumava ser meu melhor amigo. Ai que saudades que eu tenho daqueles tempos...