Tuntum, tuntum, tuntum...

E ela que costumava cultuar a solidão tinha desaprendido a ficar sozinha. Não sabia mais o que era ter seu silêncio entrelaçando os lençóis desarrumados.
A música baixinha aos poucos transformava a necessidade naquela melancolia gostosa de sentir e a inércia de estar perdida em seus próprios pensamentos começava a se fazer presente.
Depois de ter lido tanto sobre realidade ela finalmente começava a compreender que o único sorriso verdadeiro era o do seu reflexo no espelho.
Ela não conseguia entender porque todos eram tão falsos. Sem exclusão. Ela se considerava parte desse todo, mas em um grau inferior aos fantoches que se aglomeravam na sua estante.
Fechar os olhos era navegar em um oceano onde pouco teriam direito a colete salva-vida. A maior parte afundaria com as âncoras sobre seus ombros.
E ela... Ah, ela corria contra o vento só para sentir seu coração acelerar.
Tuntum, tuntum, tuntum...
A batida na porta a acordava com o cheiro doce do chá. Era essa água na boca que o amor deveria ser, correto?
E o calor das mãos aquecia a noite de pés gelados.

Amanda

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