Igual a você

Eu olhava pela janela do segundo andar do meu prédio e estava tudo muito calmo, calmo até de mais. Não via nada, nem as estrelas que eu costumava contar ouvindo “waisting love” do Iron. Eu ouvia a música, mas hoje o que eu contava eram lágrimas. Lágrimas amargas que escorriam porque eu estava só, porém eu queria estar só. Eu bebia vinho, era um vinho doce que me fazia querer beber cada vez mais, que embriagava mais do que a dor que eu sentia e que me fazia rasgar todas aquelas cartas que eu tinha escrito só pra não enviar. A música acabava, mas eu não me importava, afinal eu sabia que tinha programado o rádio pra repetir quantas vezes fosse necessário o mesmo hino da minha desolação! Que horas eram? Também não tinha importância, a única coisa que me importava não estava mais ali. Pois é, eu fui roubada! E o que me levaram certamente não tem importância pra você ou pra qualquer pessoa, pois o que me é essencial nunca mais será. Cada vez que o copo se esvaziava eu enchia, devia ser por isso que a garrafa ficava mais vazia e o meu corpo mais cheio, contudo não era de álcool que eu me afogava, era de raiva ou algo muito parecido com isso. Sabe aquele dia que nada faz sentido? Eu não estava num dia desses, muito pelo contrario, agora tudo começava a fazer sentido e foi assim que eu perdi os meus sentimentos. Sabe, eu acho que não vou mais encontrá-los e talvez, eu não queira encontrá-los mesmo, pois tudo que eles fizeram foi me deixar escutar 200 vezes a mesma música. Eu olhava pela janela do segundo andar, mas queria olhar pela janela do sétimo andar porque se eu desejasse me jogar a queda seria mais intensa. Intensidade era exatamente o que faltava na minha vida inanimada. Eu fechava os olhos e abria a alma ou seria ao contrário? Naquela altura do campeonato nem sabia mais nada. As coisas estavam mudando e eu não entendia por que, pois nenhum abraço me convidava a ser feliz de novo. Bem vinda ao clube, era isso o que todos me diziam depois que eu contava a minha saga estranhamente parecida com a deles. Então me diz: Como posso ser diferente se no fundo eu continuo sendo igual a você?

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