Gosto a tempo bom
Eu caminho por aquelas ruas mapeadas no meu pensamento. Reconheço cada pedra enquanto ouço os ruídos que agora me soam estranhos. Estranhos como os rostos que não consigo lembrar.
Eu caminho só, mas não me sinto só. Os fantasmas das minhas recordações andam de mãos dadas comigo. Eles me levam onde sou quase uma deles e eu fico feliz por isso.
E quando sento no mesmo lugar e bebo da mesmo fonte, sinto aquele gosto a tempo bom que há muito já tinha fugido da minha língua.
Respirando o ar que muitas outras vezes eu respirei, consigo voltar no tempo. Eu quase posso cantar a minha música ao som do teu violão.
A noite cai devagarinho e as estrelas de âmbar brotam no meu céu apagado. Aquele mesmo céu que muitas vezes vimos amanhecer.
Eu olho pra testemunha de nossas alucinações ainda petrificada no mesmo lugar. Ele continua imóvel, mas nós não estamos mais por aqui.
Então a saudade vem chegando mansinha acompanhada daquela vontade que me dá de chorar e rir ao mesmo tempo. E quantas vezes nós não choramos e rimos aqui? E quantas vezes nós não amamos e mentimos aqui?
É, esse lugar que faz parte de nós ainda fará parte de muitas outras histórias e eu realmente espero que elas sejam tão maravilhosas quanto um dia foram as nossas.
0 comentários:
Postar um comentário