Mestre Neruda


Hoje dia 12 de Julho de 2009 o mestre da poesia Pablo Neruda completaria 105 anos.
O poeta nasceu em Santiago no Chile, em 1904. Com apenas 13 anos de idade, começou a colaborar com o jornal "La mañana", onde publicou seu primeiro poema, Entusiasmo y perseverancia. Publicou seu primeiro livro "Crepusculario" em 1923 e um ano depois lançou um de seus trabalhos mais conhecidos "Veinte poemas de amor y una cancion desesperada".
Uma curiosidade: Neruda sempre escrevia usando caneta de tinta verde, pois para ele verde é a cor da esperança.
Pra quem quer ver Neruda no cinema, ele tornou-se o personagem principal do filme "O carteiro e o Poeta", onde o mostra exilado na Itália nos anos 50, ensinando um humilde e ignorante carteiro, a força do amor e da poesia.

Como eu sou uma amante da boa poesia colocarei abaixo um dos meus poemas preferidos do grande poeta que muitas vezes embalou as minhas noites de insônia.

"Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,

a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono".


Pablo Neruda

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Primiro Capítulo:

O encontro

Senti um ar gelado percorrer meu corpo e meu abracei tentando amenizar o arrepio. Por que eu não tinha pegado o casaco? A mãe disse que podia esfriar de noite. Eu vestia uma blusa surrada e um jeans velho. Meu All Star azul era bem eficiente nesses dias em que eu precisava caminhar tanto. Além do frio súbito – estávamos na primavera e fazia calor – não percebi nada de diferente. Mas ele já me acompanhava, mesmo antes de eu notar.
Distraída eu trocava de música no MP3 insatisfeita com a rádio local. Os fones estavam com um volume bem alto, por isso eu não ouvia os ruídos da rua já quase deserta.
Ele me seguia com passos calmos e contados, numa velocidade constante. Para os outros pedestres ele aparentava passear calmamente olhando as vitrines das lojas com as grades fechadas. Porém para mim não seria apenas isso.
Eu pensava em várias coisas enquanto ouvia Tiago Iorc no volume máximo. Eu pensava nas provas de fim de semestre, nos trabalhos atrasados, nas fotos não reveladas, nas contas a serem pagas... E em como tudo isso era insignificante diante daquele céu imenso. Eu até esbocei um sorriso quando vi uma estrela cadente e fechei os olhos para fazer um pedido. Nesse momento tropecei num pedaço de concreto solto da calçada e fui caindo quase em câmera lenta.
No segundo em que eu ia bater no chão senti duas mãos grandes e frias segurarem meu braço e cintura, impedindo que eu me esborrachasse no cimento. Por ato reflexo me segurei com toda força naquele par de braços e me joguei contra o seu corpo num impacto constrangedoramente forte. Atônita, eu não sabia se ria, chorava ou agradecia a pessoa que me tinha “salvado” desse quase tombo.
Percebendo que ainda estava em seus braços, me afastei rapidamente. Com as bochechas rosadas de vergonha eu ensaiava mentalmente um agradecimento satisfatório. No momento em que eu ia respirar pra começar a me desculpar, finalmente olhei para aquele rosto até então desconhecido e emudeci.
Ele estava parado com as mãos nos bolsos, me olhando fixamente. Aqueles segundos foram os mais longos da minha vida. Meu coração pulava dentro do peito e eu nem sabia se ainda era por causa do susto. Ele sorriu – os dentes eram impecavelmente brancos e brilhantes – e disse:
— Você devia tomar mais cuidado com essas calçadas. Eu posso não estar perto da próxima vez.
A voz dele era a melodia perfeita para os meus ouvidos e foi como um estalo para eu voltar à realidade.
— É... muito obrigado – eu disse completamente inebriada – e eu vou tomar mais cuidado sim.
Comecei a andar para o lado oposto ao que eu vinha anteriormente. Então ele me chamou:
— Moça, você deixou cair.
Caramba, eu nem tinha visto o MP3 voar do meu bolso junto com os fones. Me virei e andei na sua direção com a melhor cara que eu pude fazer. Ele me entregou o aparelho.
— Você realmente tem um péssimo gosto – ele disse zombando de mim.
— É... todos temos defeitos, mas podia ser pior! – falei sorrindo sem graça e voltando a caminhar.
— Realmente, eu podia ter te deixado cair – (ele estava debochando?)
Parei e voltei a olhar pra ele. Eu estava confusa com todo aquele poder de atração.
— Bem, muito obrigado mais uma vez – falei meio tonta – você me poupou de um constrangimento absurdo.
— Não precisa agradecer, o prazer foi todo meu. Além do mais não tem mais ninguém por aqui – a voz dele transbordava na minha cabeça.
Só agora eu percebia que a rua estava completamente vazia. Ainda bem. Provavelmente ninguém tinha visto a minha estabanação.
— É mesmo – respondi com uma surpresa quase exagerada.
Eu queria sair dali rápido, mas algo mais forte me impedia de deixá-lo. Olhei para os lados, zonza, parecia que eu tinha bebido. Percebendo a minha aparente confusão pisquei meus olhos e respirei profundamente tentando amenizar aquela sensação estranha.
Ele, então, sorriu o sorriso mais lindo que eu já vi na vida me estendeu a mão.
— Caius, muito prazer.

Tudo ao mesmo tempo


Ele me observava da última cadeira. Ele me via falar e gesticular freneticamente diante de um assunto. Ele me olhava cuidadosamente para ninguém notar. Ele estava atento a cada movimento meu.

E eu me fazia de indiferente

Indiferença essa adquirida com minha vasta experiência em ser absurdamente ignorada.
Indiferença essa que me seguia por onde quer que eu fosse. Ignorar e ser ignorada era a minha matéria preferida.
Quando ele falava, eu concordava. Quando eu falava, ele não respirava.
Era estranho o modo como ele se comportava na minha presença. Era estranho o modo como ele se comportava na presença de todo mundo. Ele era um cara estranho.
Meio sério, meio engraçado. Meio culto, meio idiota.

Meio a meio. 50% a 50%

Nem frio, nem quente. Mas também não era morno.
Era uma mistura de sim e não.

Ele conseguia me faz rir e chorar ao mesmo tempo. Com ele era sempre assim, tudo ao mesmo tempo.
Sol e chuva. Frio e calor.
E o silêncio...
Ele tinha o silêncio mais alto do mundo. Ele gritava calado.
Assim como me abraçava de olhos fechados.

Ele idealizava as causas mais perdidas possíveis.
Ele desistia das coisas fáceis e sempre queria as difíceis.
Eu me importava e ele não. Eu queria salvar o mundo e ele queria que o mundo o salvasse.

Nós éramos diferentes, mas nós éramos iguais.

Dois corações batendo juntos no mesmo compasso.
Dois caminhos que levam para o mesmo lugar.

E no fim ele era o ideal mais imperfeito que eu poderia ter encontrado.
Ele era o meu pesadelo açucarado.
Meio real, meio imaginação.
Meio documentário, meio ficção.
Tudo ao mesmo tempo!

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